Publicado originalmente no Teletime
A QMC prefere se classificar como uma “neutral host”, apesar de estar no mercado de torres há 10 anos. Isso porque, ao contrário de outras empresas de infraestrutura, seu foco não é apenas em torres, mas em outros tipos de sites para operadoras móveis. São 3 mil ativos, que se distribuem entre torres, obviamente, mas também em DAS (Distributed Antenna Systems), que são instalações de antenas distribuídas em locais específicos como shopping centers, complexos de escritórios, aeroportos e afins; soluções urbanas do tipo SLS (Street Level Solutions, ou sistemas instalados junto ao mobiliário urbano); os chamados sites impossíveis (ERBs que precisam ser camuflados em locais complicados, como ambientes turísticos ou históricos).
Criada em 2012 com foco de atuação na América Latina, a QMC está presente também no México, Colômbia, Peru, Porto Rico e EUA, além do Brasil, onde tem cerca de 200 funcionários. A empresa não dá referências sobre seu faturamento, mas diz que seguirá apostando nesse tipo de cobertura “alternativa” com a chegada do 5G.
Segundo Murilo Almeida, presidente da empresa no Brasil, o mercado de infraestrutura passou por alguns desafios nos últimos anos. Não só pelos desafios regulatórios e burocráticos para a instalação de antenas, mas porque os processos de concentração ocorridos nos últimos anos (Claro/Nextel e agora mais recentemente a compra da Oi Móvel), somados à pandemia e ao atraso no leilão de 5G, fizeram com que os investimentos em expansão de infraestrutura ficassem mais contidos. Mas Almeida aposta que isso muda em 2022. “O 5G vai demandar mais soluções macro, mas também muita infraestrutura street-level e soluções indoor”. Notícias relacionadas 43% das cidades brasileiras nunca tiveram norma para instalação de antenasVivo vai avaliar manter acordos da Oi Móvel com torreiras para a chegada do 5G
“Vamos focar nesses nichos, como uma boutique de sites customizados no modelo BTS (built to suit), e na densificação das redes das operadoras”, diz ele. “O crescimento é inevitável porque o tráfego de dados cresce 40% ao ano. Mas o Brasil tem demandas específicas, fora os muitos locais turísticos sem cobertura adequada”, diz o presidente da QMC, apostando muito no desenvolvimento do mercado de “sites impossíveis”.
Ele explica que o desenvolvimento desse mercado depende do esforço direto das neutral hosts. “A gente localiza as demandas, entende as especificidades de cada local, desenha uma solução, costura as parcerias necessárias e leva para a operadora aprovar o projeto pronto e a solução já integrada”, diz. Atualmente, o setor responsável por esses projetos conta com 52 projetos especiais da solução em todo país, em lugares como Tiradentes (MG), Olinda (PE), Praia de Camburizinho (SP) e mais recentemente em Porto Seguro (BA).
Murilo Almeida explica que, por conta da opção em centros urbanos com adensamento de rede, e foco em locais considerados impossíveis, a QMC não vai priorizar o atendimento das operadoras nas obrigações de fibra e torres em estradas. É um mercado importante mas não é onde a gente quer tentar crescer”, diz ele, destacando ser mais importante para a empresa projetos como levar conectividade a metrôs e locais urbanos de cobertura deficiente.